Mais inclusão, mais amor

Por João Campos*

Quarta-feira, 21 de março, comemoramos o Dia Internacional da Síndrome de Down. Sobre todo o simbolismo e importância que a data carrega, o fundamental é criar o entendimento público de que INCLUSÃO é a palavra que não pode faltar quando se fala das pessoas com deficiência. Tudo está relacionado à questão da quebra do preconceito e da intolerância. E o trabalho pela inclusão é algo que me estimula e que me traz as melhores referências. Lembro com muita alegria que a lei 13.381, instituindo a Semana Estadual da Pessoa com Deficiência no calendário anual de Pernambuco, foi publicada ainda em 2007, primeiro ano do governo do meu pai, Eduardo Campos, mostrando um olhar especial da sua gestão.

Hoje, faço parte de um governo que continua firme no propósito da equidade. Ou seja, isso quer dizer que buscamos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais para alcançar uma situação de equilíbrio social. Tocamos ações que buscam priorizar as pessoas com deficiência. O PE Conduz, por exemplo, é um serviço de atendimento gratuito e adaptado, que faz o transporte de pessoas com dificuldades de locomoção e usuários de cadeira de rodas. Temos também a Central de Intérprete de Libras, o VEM Livre Acesso e o Praia Sem Barreiras, que garante o acesso ao lazer a pessoas com deficiência.

Além desses serviços, estamos sempre em busca de novas formas de inclusão no mercado de trabalho. Só em 2017, eu mesmo participei de duas emocionantes entregas de certificados do curso de recepcionista de eventos para pessoas com síndrome de down.

Mas não estamos satisfeitos. Não vamos parar por aí. Novas iniciativas estão sendo estudadas e implementadas a toda hora. Em setembro de 2017, o governador Paulo Câmara assinou a lei que garante a jornada reduzida para os servidores que têm filhos ou dependentes com deficiência. Esse foi um projeto de autoria do próprio Poder Executivo. Porém, para mim, que contribuí na elaboração da proposta, é motivo de felicidade dizer que houve apoio e compreensão de todos os deputados estaduais na aprovação da lei.

A inclusão exige essencialmente a quebra de preconceito. O censo do IBGE de 2010 diz que o Brasil tem mais de 45,5 milhões pessoas com algum tipo de deficiência (são 23,9% de toda a população brasileira). A maior parte dessas pessoas ainda é tratada de maneira inadequada, sem as informações necessárias e o atendimento correto.

Tornar a sociedade mais inclusiva é o principal desafio. Falo isso porque venho de uma família que abraçou a causa antes da causa nos abraçar. Com amor e sem preconceito, estivemos preparados para receber Miguel, o meu irmão mais novo. Para os que não sabem, Miguel tem síndrome de down. Agradeço todos os dias por nossa família ter sido presenteada com a chegada dele. Não canso de dizer que Miguel é luz, renova as esperanças por um mundo com mais justiça e me faz conhecer a beleza da relação mais pura. Gratidão descreve o meu sentimento.

Para Miguel, só desejo o que qualquer irmão desejaria: que tenha o direito de ser o que ele quiser, que tenha a oportunidade de mostrar todo o seu talento. Seja qual for a escolha, espero que as pessoas o aceitem com carinho, amor e respeito.

No trabalho, tenho a alegria de aprender com jovens como Caio Rocha e Bruno Ribeiro. Os dois têm a síndrome de down. Caio tem contribuído muito no governo e tenho a sorte de conviver com ele, que também é um grande passista de frevo. Bruno é “apenas” o primeiro turismólogo com síndrome de down do Brasil e trabalha na Secretaria de Turismo. A capacidade e o potencial deles são mostrados a cada gesto, a cada ação. A independência de ambos está vindo a partir do próprio trabalho. É tudo uma questão de oportunidade.

A bandeira da inclusão é uma pauta que todos apoiam. Mas o que você está fazendo para contribuir pela inclusão? Por isso, a necessidade tão grande do papel do Estado como indutor das políticas públicas aos deficientes, criando leis e corrigindo erros históricos, gerando debates e estimulando o conhecimento. Crente na nossa missão, procuro somar esforços a fim de avançar nas conquistas. Pensando na oportunidade como algo estratégico, tomei a iniciativa de chamar Caio para trabalhar na equipe do Gabinete do governador, da qual tenho a honrosa missão de ajudar a guiar.

Definitivamente, a construção de um mundo mais justo passa pela inclusão. O caminho a ser seguido é desafiador, mas tenho crença na capacidade de transformação da sociedade para fazer as mudanças necessárias. Sobre as pessoas com deficiência, posso dizer que enxergo uma enorme alegria, força e esperança. Elas só precisam de respeito e compreensão. Por fim, acredito que tudo se resume em uma frase: Mais amor, por favor.

João Campos é vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB Nacional, secretário de Organização do PSB de Pernambuco e chefe de gabinete do governador Paulo Câmara 

 

Artigo publicado originalmente no Diário de Pernambuco (24 de março de 2018)

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